quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cafajeste do bem.


 Ele a puxou pela cintura. Ela sentiu o sangue quente dele correr rente a pele dela. O coração dos dois batia no mesmo ritmo frenético. 
- Você é mesmo um cafajeste. Cafajeste!
Sussurrou ela, quase balbuciando. Ele sorriu suavemente terminando por morder os lábios dela. Mas ela recusou-lhe o beijo insistindo em falar.
- A pior espécie de cafajeste que existe... O cara legal, família, romântico, mas, que sabe seduzir e conhece todas as artimanhas da conquista...
Respirou fundo para recuperar o folego.
- Você sabe como deixar qualquer mulher louca.
Ela alterou a voz, e com firmeza ressaltou.            
- QUALQUER UMA.
Foi tomada por um sentimento de raiva e ciúmes. Ele, guiado pelo cheiro dela, beijava incessantemente o pescoço dela, enquanto suas mãos deslizavam acompanhando as curvas do corpo dela. Mesmo salivando só de pensar no gosto dele, ela resistia:
- O problema é que você sabe disso. Você diz que é por amor, mas domina a arte da sacanagem.
- Quanto maior a loucura maior a lembrança. Disse ele.
Ela travava uma batalha consigo mesmo. Queria resistir a seus desejos, queria resistir aos desejos dele. Queria... Enquanto isso ele dominava a situação. Ele sabia ir da safadeza ao romance num único beijo. As pernas dela se entrelaçaram com as dele. FEVER. Ela sentiu o que jamais havia sentido antes, por mais absurdo que parecesse ela decidiu não resistir mais. E entrou de vez naquela dança, ela seguia os passos traçados pelo prazer dos dois. Ah, ele era um condutor estupendo. E Nesse baile eles bailaram a noite inteira.

[continua] 

Escrito em uma das madrugadas de Novembro de 2012.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Éramos Três.

    O nosso orgulho se juntou a nós, éramos três. Já não formávamos um casal, e sim um triangulo amoroso. Com lados pontiagudos cortando cada coração. Quem traiu, quem foi traído, não se sabe. Nunca saberemos quem desistiu primeiro. Talvez tenha sido só  o orgulho tentando fazer discórdia. Mas a gente venceu ele tantas vezes, perdi a conta de quantas vezes nós expulsamos ele da nossa relação. Eu fui fraca, você foi fraco, e ele, o orgulho, conseguiu nos derrotar. Hoje já não somos três, somos vários: somos orgulho, somos fracasso,  somos magoa, somos o arrependimento de não ter feito na hora certa, de não ter feito mais, e de não ter feito nada! 

20, 12, 12     16;11

Inspirado na frase: "O ego dele juntou-se a nós, éramos três." Martha Medeiros, Noite em Claro. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Besta sou eu que ainda acredito nessas coisas...



... É tudo culpa do tratado que eu fiz quando era criança. Jurei acreditar, e nessa jura me perdi. Sabe aquele bocado de estrelas que tem no céu? Eu acredito que cada uma delas estão lá por um motivo. Sabe? Tem gente que é dono de estrelas. Tem gente que pertence ao céu, e está aqui só de passagem, vagando por esse mundão de Deus buscando uma direção. Tem gente que se perdeu, tem gente que se achou, tem gente que ainda tá parado no meio do caminho decidindo se vai ou se fica. É.. Mas tem também gente ligeira, que pegou carona na calda de um cometa e já se foi brilhar sozinha no infinito.

Tá vendo como eu sou besta? Eu acredito em cada coisa. Eu acredito nas pessoas.
- Minha nossa senhora do pão do doce, tem coisa mais besta do que acreditar nas pessoas?
Questionei. Nossa senhora do pão doce não respondeu. Na verdade nem sei se ela existe, tanto faz.
Foi Zé Consciência quem retrucou.
- Tem não, moça. Besta mesmo é você.
- Tu não acredita como eu nê, Zê?
Disse eu, mas o Zê ficou quietinho, encabulado, feito bicho acuado com medo de me responder.
- Como é que pode, Zê? Como é que pode, mundo? Nem minha própria consciência acredita no que eu acredito.

12/12/12   23;49

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Mesmice insuportável



O mundo é  pequeno num nível tão ínfimo que eu nem imaginava. A gente se esbarra em qualquer esquina. O amigo de um é colega de outro que conhece um primo seu que também é colega do primeiro, e assim a historia prossegue, num repeteco sem fim . A vida parece um ciclo vicioso, um dado acostumar a cair nas mesmas faces. Até parece que essa gente tá seguindo o mesmo caminho. Eu olho pro lado e vejo os mesmos espinhos, os mesmos rostos que me ferem. Mesmice insuportável... A rotina na vida dessa gente já esbarrou no destino. Santo Cristo, até o destino segue uma agenda? Já me disseram que a vida é assim, as faces que se cruzaram no passado neste vida tem que se encontrar. Mas eu custo a entender a mesmice dessa vida, imagine a das passadas, se é que existem. Se a vida for mesmo assim, tão rotineira, vou sair por ai rasgando os scripts, ninguém merece viver sabendo que no ônibus lotado vai encontrar sempre as mesmas faces . Nunca serei previsível, até minha mãe já disse isso, e olhe que palavra de mãe não falha. Me recuso a viver assim. Se hoje eu quero teu beijo, amanhã talvez nem teu abraço. Entende?


05/12/12  22;44